16 de dez. de 2009

o Oráculo de Google*

Que o Google é hoje uma das maiores potências do mundo poucos terão coragem de desmentir. Que a maioria dos seus produtos ao entrar no mercado já imediatamente atraem uma porção impressionante do mercado no qual acabaram de estrear é fato dado. Eu mesmo estou cada vez mais me tornando usuário dos seus produtos. Orkut (meio antiquado, mas que continua vivo graças à última cirurgia plástica), Blogspot, Google Calendar e, em especial, o Chrome e o Gmail têm se tornado companheiros indispensáveis para mim. Todavia, nenhum destes itens é objeto das minhas considerações hoje.

Todo este império começou com uma simples ferramenta de busca: o Google. Esta ferramenta é tão absurdamente popular que googlear já tem significado próprio. Qualquer coisa, qualquer dúvida, qualquer informação da qual precisamos tem uma simples solução: Google! Em poucos segundos temos, dependendo do nível de especificidade da pesquisa, milhares, muitas vezes milhões de resultados. De forma até lacônica vem a informação de quantos segundos levou para reunir todos esses dados com duas casas decimais após a vírgula, uma clara demonstração de exatidão e poderio que chegaria a intimidar se não fosse tão discreto. A mensagem, no entanto, é clara: comigo ninguém pode... nem tente.

O que, no entanto, me levou a estas considerações é algo que, em minha opinião, reflete perfeitamente o nosso Zeitgeist, o espírito pós-moderno desta nossa época. Se o Google somente reproduzisse os resultados da nossa pesquisa ele representaria os valores da época moderna, época que se encerrou com o fim da Segunda Guerra Mundial.

A época moderna se preocupava com fatos, com a ciência, com a evolução das idéias, da tecnologia, tudo centrado na capacidade do ser humano e na sua auto-superação. Sem querer me aprofundar (poderá ser tema para outro post), mas a presença da Revolução Industrial, do Positivismo e sua evolução (o pensamento Hegeliano e a dialética), a Teoria da Evolução de Darwin e do Existencialismo (especialmente de Nietzsche) não parece ser coincidência.

A falácia desta era moderna foi decretada através das duas grandes Guerras Mundiais. Ficou evidente que o ser humano era mau e que a ciência e o avanço não poderiam salvar a humanidade de si mesma.

Simplificando de forma grosseira foi basicamente através de Freud e Einstein que a nova era, a era pós-moderna, deu os seus primeiros passos. O primeiro demonstrou que temos sérias dificuldades com as nossas emoções e que a nossa percepção do nosso mundo é subjetiva e distorcida. O segundo trouxe para nós o relativismo que mexe profundamente com paradigmas anteriormente estabelecidos em todas as áreas do saber e deixou claro que ainda há tanto para ser conhecido. A nossa pequena capacidade racional não dá conta de captar, muito menos explicar o que nos cerca. Surge a época da busca pela fé, pelo sobrenatural e por experiências emocionais que não estejam ligadas ao status quo religioso, dando surgimento a muitas religiões sincretistas e a busca de religiões pouco conhecidas no ocidente. O êxtase e a emoção se tornaram importantes e socialmente aceitáveis e a religião se tornou o lugar onde a maioria das pessoas as buscava. Religiões tradicionais tiveram que se adaptar aderindo a movimentos carismáticos e religiões que possuíam vertentes místicas observavam exatamente estas crescendo em popularidade e visibilidade. O subjetivismo e individualismo imperam. Fatos sem relevância perdem o sentido e as perguntas mais pensadas e expressadas são "O que isso tem a ver comigo? Qual o significado ‘disso’ ou ‘daquilo’ para mim?".

E agora, afinal, o que isso tem a ver com o buscador Google? Simples: a meu ver o grande sucesso do Google é que ele não somente trás informações, fatos. Se eu fizer uma pesquisa no meu computador com uma série de palavras e você fizer a mesma no seu computador os resultados serão diferentes (isso se tivermos os cookies habilitados). O Google não somente me dá os resultados da pesquisa, mas também aprende sobre as minhas preferências enquanto eu navego e pesquiso. Com isso ele coloca uma ordem diferenciada de resultados para mim baseado naquilo que eu considero relevante e importante. Os criadores do Google compreenderam o espírito da nossa época pós-moderna: fatos com relevância pessoal, algo sob medida de acordo com as minhas necessidades e preferências. Este é o segredo de sucesso deste império: produzir produtos que vêm ao encontro das minhas necessidades e que sejam configuráveis às minhas necessidades específicas.

Não é de se surpreender que muitos (possivelmente a maioria) tratam a religião da mesma forma: algo relativo e subjetivo centrada somente no indivíduo. Montam as suas crenças segundo as suas próprias idéias e acreditam que ter fé já é o suficiente. Não existem absolutos, somente verdades transitórias e experiências pessoais expressas em estórias cujos princípios precisam ser extraídos. Enquanto trouxer algo positivo para mim naquele momento a fonte destes princípios não terá importância.

Como afirmar que há alguma coisa absoluta em meio a esta época? Como afirmar que há um livro que seja, de fato, inspirado por Deus e imutável? Que Deus seria este? O Deus do Al Korão, do Livro dos Mortos, da Bíblia, etc.? Tudo se tornou tão relativo, tão inseguro, tão subjetivo e tão politicamente incorreto que temos receio de nos manifestar com certeza a respeito de qualquer assunto, especialmente religião.

(Vale aqui um rápido parêntese: viver aquilo em que eu acredito poder ser visto como sendo radical; obrigar o outro a viver aquilo em que eu acredito é ser fanático.)

A verdade é que o fim desta era pós-moderna já se manifesta. Sei que é muito cedo para analisar a mudança, mas mesmo assim ouso ser profeta da próxima era. Não que esteja sendo original (de forma alguma), mas a imensa maioria ainda não se conscientizou de que os tempos estão mudando.

Com 11/09, a grande crise financeira mundial e a mudança climática estamos aos poucos percebendo que o individualismo ao extremo têm trazido sérios problemas para a coletividade, o bem comum. Estamos mais dispostos a abrirmos mão da nossa individualidade para assegurar as coisas básicas da existência: segurança, sustentabilidade e sobrevivência.

Com o assalto que eu sofri neste final de semana passado surgiu um anseio em mim que antes não existia, pelo menos não desta forma: o desejo de segurança e do direito de viver com dignidade. Hoje estou um pouco mais disposto a abrir mão de algumas coisas em função disso e a luta interior entre o idealista e o pragmático provavelmente dependerá da quantidade assaltos, desempregos e vendavais/inundações pelos quais eu passarei no futuro.

Na prática estamos percebendo que o nosso modo de viver tem trazido tremendos prejuízos para nós mesmos e para aqueles que nos cercam. Vivemos uma crise global como provavelmente nunca dantes existiu. Depois de décadas vivendo desta forma o ser humano descobre que esta maneira ameaça diretamente a sua segurança, seu sustento e sua própria existência neste planeta. Está buscando uma saída, um novo jeito de viver e pensar apesar das aparentes dificuldades de romper com hábitos há tanto tempo estabelecidos. Procuramos um modo alternativo de viver, seja em termos de fontes de energia, de governos, de alimentação e de crenças.

Aceitar Deus como uma realidade em nossas vidas não somente foca um futuro paradisíaco após a morte. Não é algo que me ajuda somente a superar os problemas de hoje com a promessa do porvir. Esta aceitação nos habilita a viver esta vida aqui, neste planeta com estas pessoas que nos cercam com mais sucesso e satisfação (não me refiro aqui à ausência de problemas). Já que o nosso estilo de vida tem se mostrado tão ineficaz de resolver as maiores necessidades do ser humano talvez esteja na hora de nos abrirmos para a possibilidade Dele nos guiar em uma experiência de relacionamento com Ele. Acredito que vale a pena experimentar.

“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido.” I Co 2:14-15

Quem sabe você encontrou este post por algum produto do Google, seja pesquisa, e-mail ou Orkut... não importa: o importante é abrir espaço para experimentar algo diferente e novo ou, quem sabe, renovar o que já se tem.

Um forte abraço

Shalom

* o título é uma referência ao 'Oráculo de Delphi'

12 de dez. de 2009

assalto

Ontem a noite sofri o primeiro assalto em minha vida.
Havia planejado prestigiar a ordenação ao ministério do meu grande amigo Pr. Sérgio Festa (que sobrenome!) e fiz os preparativos necessários para que pudesse estar lá.
Tudo começou quando eu perdi o meu vôo. Foi a primeira vez em toda a minha vida. Procurei por outros vôos, mas vi que todos eram muito, mas muito mais caros e, portanto, decidi pegar o primeiro ônibus que aparecesse na vergonhosa Rodoferroviária da nossa Capital Federal. Lá encontrei uma empresa que eu desconhecia, a Trans Brasil, mas que saia uma hora mais cedo que a outra e já que tinha pressa para chegar em São Paulo comprei a passagem.
Depois de aprox. duas horas e meia de viagem, sendo que grande parte deste tempo envolvendo atraso e trânsito para sair de Brasília, e pouco tempo depois de ter dado boa noite via celular para o meu filho e a minha esposa fomos todos surpreendidos por uma freada violenta do ônibus. O passageiro do outro lado do corredor olhou para fora e gritou: "É assalto!"
A partir daquele momento começou um dos episódios mais surreais de toda a minha vida. Gritaria, tiros, ameaças e provavelmente os 45 minutos mais longos e angustiantes dos quais tenho lembrança se seguiram. Eu acredito que só quem já passou por isso consegue entender o sofrimento deste tipo de situação, onde certas coisas passam a ser insignificantes e outras se demonstram ser prioridade absoluta como a vida e a família. Eu passei este tempo todo orando em silêncio e lembrando dos meus queridos.
Depois que tudo passou juntamos informações e vimos que o ônibus, uma vez abordado, havia sido levado para uma floresta, longe de qualquer pista movimentada. Também não havia sinal de celular nesta região e apesar de algumas pessoas terem conseguido esconder os seus estes se mostravam inúteis naquele momento. Três homens entraram no ônibus, mas havia pelo menos mais uma pessoa conduzindo uma camionete. Estavam armados com pistolas calibre 22 e espingardas 12 (fui informado disso, pois não entendo de armas). O trecho do assalto foi apox. 40km depois de Cristalina em direção a Catalão.
Levaram a minha bolsa que além de roupas e carregadores do Palm e celular continha equipamentos e acessórios de áudio (o meu recém adquirido DAC, cabos de interconexão e digital) que sozinhos valem aprox. USD 4000 (fora do Brasil; imagino o custo deles por aqui) e que os bandidos não conseguirão sequer vender. Tinha a intenção de visitar alguns amigos para ouvir música em São Paulo e costumeiramente levamos itens para testar nos sistemas de áudio uns dos outros. Também perdi os meus CDs prediletos, aqueles que pretendia ouvir na casa destes amigos e levaram o meu celular.
Não segui viagem para São Paulo, pois como não tinha mais roupas teria que comprar tudo por lá o que acarretaria muito custo para mim. Em função disso voltei à Brasília com mais dois passageiros no ônibus que foi alvo do assalto hoje de manhã. Somente chegando no condomínio onde moro liguei para minha esposa, pois não queria acordá-la no meio da noite com aquele tipo de notícia. Seria muito sofrimento desnecessário. Depois de contar um pouco do ocorrido cai exausto fisica e emocionalmente na cama.
Duas coisas positivas, no entanto, levo comigo deste incidente:
1) Há coisas valorosas e há coisas essenciais. Isso é tão óbvio e soa tão pastoral, mas existe um sabor diferente nesta classificação depois do episódio de ontem. Estou muito triste pela perda dos meus equipamentos, mas sinceramente dou graças a Deus pela minha vida e por ter o privilégio de continuar vivendo.
2) Apesar de ter passado por esta experiência traumática sinto que mesmo assim saí ganhando. Só quem vive este tipo de situação sabe quão angustiante é, mas de fato não é nada incomum. Quantas pessoas já passaram por aquilo que eu passei. A diferença é que quando alguém disser: "fui assaltado" ouvirei com os ouvidos da verdadeira empatia. Não acredito que temos que passar por tudo de ruim neste mundo para poder simpatizar com uma situação, mas percebo cada vez mais que a verdadeira empatia vem da experiência e não do exercício intelectual do 'se colocar no lugar de'. A partir de hoje tenho verdadeira empatia com que já passou por isso e creio que isso me tornará um cristão e ser humano melhor.
E agora também entendo melhor que só há Um que pode me entender completamente, Aquele que foi tentado em todas as coisas, e, portanto, tem verdadeira empatia com o que nós passamos em nosso difícil dia-a-dia. Me lembro das seguintes palavras do autor de Hebreus: "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer- se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno." Hb 4:15-16
Graças a Deus por um Salvador que sabe das minhas e das suas lutas! Empatia é reconfortante, especialmente quando vem acompanhada da Onipotência.
um forte abraço
Shalom

Por sinal: se alguém já passou por isso e tem dicas de como tentar reaver as coisas via empresa, etc. por gentileza entre em contato! :D

19 de nov. de 2009

questões tolas

Sou um ser que gosta de debater. Sou assim por natureza e, para piorar as coisas, fui educado desta forma. Questionar é o meu método predileto de buscar a verdade, pois me obriga a saber a razão por trás das coisas. É uma atitude pseudo-mayéutica, puxando mais para um diálogo dialético. Muitas vezes assumo posição B só porque o interlocutor assumiu posição A. Quero ver até que ponto os argumentos do outro são consistentes e até que ponto posso defender a minha posição. Só para me testar e testar o outro também. Hoje entendo que isso é extremamente desagradável, para não dizer chato e intragável... e também cria uma aura de arrogância. Esta última impressão é até realista no momento em que a razão e a lógica (a última sendo um dos modos operandi da primeira) saem pelas portas do fundo e dão lugar à retórica e vaidade que só se preocupam em ganhar a argumentação em vez de buscar a verdade. Fato é que já tive muita discussão inútil em minha vida onde deixei bastante gente chateada comigo por me preocupar mais com a causa do que com a pessoa (e tantas outras vezes em me sobresair na discussão).
Aí aparece o excelente conselho de Paulo à Tito. Em Tito 3:9 ele diz: "Evita discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não têm utilidade e são fúteis." Que conselho fantástico! No entanto é necessário compreender o que são, de fato, 'discussões insensatas' para não carimbarmos boas e produtivas discussões desta maneira. Muitas e muitas vezes boas discussões são e continuarão sendo desagradáveis, pois mexem com assuntos sensíveis que não poucas vezes nos transmitem uma sensação de insegurança e descontrole. Não é a toa que tradições são estabelecidas. Muitas vezes têm raison d'être, razão de existir, mas na maioria das vezes passam a ser seguidas sem a compreensão do que está por detrás das mesmas e, com isso, se tornam não somente improdutivas, mas acima de tudo nocivas, pois meras repetições sem consciência do que se faz são mais do que irrelevantes: são emburrecedoras e, portanto, manipulativas.
E é à isso que Paulo se refere. Ele menciona 'genealogias' e 'contendas e debates sobre a lei'. Não pretendo explanar aqui as diferentes interpretações que comentaristas têm a respeito destas expressões, sejam os aeons gnósticos, as genealogias literais do povo judeu, as brigas entre as escolas de Hillel e Shammai, as disputas no Mishnah e Talmud, etc., etc., etc.... uma coisa é clara: trata se da inútil e improdutiva discussão sobre detalhes irrelevantes da tradição.
Não me entendam mal: uma discussão sem uma conclusão clara não é necessariamente improdutiva, pois pode ter estimulado o pensamento e aumentado o conhecimento e, acima de tudo, a consciência a respeito de certo assunto. Improdutivo significa que como resultado pessoas estejam tanto intelectualmente como pessoalmente em lados opostos; onde há divergência emocional, mesmo civilizadamente disfarçada.
Toda vez que este resultado é obtido é necessário questionar-se se realmente valeu a pena. E, se formos sinceros, a resposta muitas vezes será negativa.
Hoje quero procurar boas discussões com verdadeiro interesse de encontrar mais verdade (em vez de 'A verdade') abrindo mão da minha retórica e vaidade, das minhas inseguranças. Quem sabe hoje poderei, com muita humildade e pelo poder de Deus, me tornar mais consciente da vontade Dele para a minha vida? Isso sim, seria um milagre!
Tenham um ótimo dia
Shalom

28 de out. de 2009

24 de out. de 2009

conhecimento & humildade


No passado eu tinha a tendência de ler para me divertir. Li literalmente milhares de páginas para passar o tempo de forma que me agradasse.
Depois passei a ler para saber, para adquirir conhecimento e muitas vezes este conhecimento me levava à uma segurança que beirava arrogância.
Hoje, quanto mais eu leio, mais percebo o quão pouco sei. Sinceramente! Não é falsa modéstia.
Hoje, ao ler, sinto o vazio de todo o conhecimento que não tenho. Isso me torna mais realista e, portanto, humilde.
Hoje I Co 3:19 tem outro significado para mim.
"Porque a Sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia;"
Que apesar das nossas severas limitações saibamos aceitar o valor que Deus nos dá, mesmo sem compreender a grandeza disso.
shabbat shalom

16 de out. de 2009

lei, liberdade & paz



Ufa! Chegou o Sábado! Não sei como que ele chegou para você, se foi na correria ou se você teve tempo de se preparar. Se a sua caminhada durante esta sexta-feira teve a companhia consciente do Senhor do Sábado ou se Ele estava presente em todos os lugares, menos na sua mente e coração... Não importa! Não importa se você está lendo esta meditação em voz alta com família e/ou amigos ou se você lê estas linhas no silêncio da sua mente. O importante é que você está tomando este tempo agora para ler estas poucas palavras, dando a Deus a oportunidade de se manifestar em sua vida. E é por isso que quero falar com você sobre o essencial, o primeiro passo que precisa ser dado neste momento independente de ser esta a sua primeira tentativa ou milésima vez... a essência sempre será a mesma.

Quero voltar os seus pensamentos para os Dez Mandamentos. Você se lembra de como eles começam? Muitos conhecedores da Bíblia pensarão imediatamente no primeiro Mandamento que diz “Não terás outros deuses diante de mim”. Durante muito tempo eu teria começado desta mesma forma até que um dia eu fui alertado por um amigo que, de fato, este não era o início. Na verdade os Dez Mandamentos começam com Deus dizendo “Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”. Deus se apresenta dando o Seu currículo, demonstrando que é Ele, o Libertador, que está falando. Tudo que se segue depende desta apresentação. Se o Seu currículo não fosse uma realidade na vida do povo de Israel tudo que se seguiria teria pouca importância. Todos os Mandamentos, inclusive o quarto que fala da guarda do Sábado, seriam sem valor se a introdução não tivesse significado e relevância.

Por isso que quero conduzir os seus pensamentos para o grande Libertador, o Redentor, Jesus Cristo. Quero levá-lo a lembrar o que Ele fez por você e por mim. Quero refrescar a sua memória de tal forma que você seja colocado perante uma decisão: aceitá-Lo agora como Aquele que morreu em seu lugar, que morreu a sua morte, morte eterna. Morte conseqüência do pecado, pois “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3:23) e “o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23). Graças a Deus, no entanto, que nenhum destes dois versos está completo. Rm 3:24 nos lembra que somos “justificados gratuitamente, por Sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” e a segunda parte de Rm 6:23 reafirma que “o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Ele é o nosso Libertador, nos redimiu do castigo do pecado. Basta aceitá-lo. Tentar cumprir a letra da lei sem ter o Senhor da lei como nosso Libertador é frustrante e, a médio-longo prazo nos levará a desistir. É como tentar atravessar um abismo pulando. Alguns pulam um pouco mais longe que outros, mas a queda é certa.

Guardar o Sábado começa em primeiro lugar com a consciente necessidade de que preciso de Jesus, o meu Libertador. Aceitando-O me torno apto a guardar o Seu Santo Dia, o Sábado. Paulo em Rm 5:1 nos diz o seguinte: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. Ao aceitar Jesus e Sua morte em meu lugar como sendo suficientes para me libertar do pecado eu passo a ter paz com Deus, passo a ter certeza da minha Salvação, não porque eu mereço ou porque tenho comportamento socialmente apropriado, mas porque confio que Ele me libertou. Esta certeza me dá paz e esta paz se intensifica durante o Sábado, dia no qual eu devo procurar me lembrar mais fortemente do que Ele fez por mim e, conseqüentemente, me levará a querer louvá-Lo mais.

Que este Sábado seja um passo na direção certa, nos levando a lembrar e re-experimentar a libertação que foi dada por Ele. Que isso lhe dê a certeza da Salvação. Que isto resulte em muita paz com Ele e conseqüentemente com todos aqueles com os quais você irá encontrar e que esta paz resulte em muito louvor a Deus.

28 de jul. de 2009

oportunismo vs. idealismo

Hoje eu li o Salmo 73 como a minha meditação. Asafe descreve tão bem o que às vezes nós sentimos. Eu não consegui deixar de pensar da situação atual dos nossos legisladores (Senado & Cia.). Sei que muitas vezes nós temos os líderes que nós merecemos, pois muitas vezes agem em grande escala como o povo age em pequena escala, mas há uma condenação maior para quem traz tanto mal estar para a população. Há inúmeros textos da Bíblia que afirmam que na escala de consequências de atos pecaminosos a opressão do pobre e necessitado está em número um e será duramente castigado por Deus.
Infelizmente há momentos em que sentimos que a nossa luta para sermos corretos, íntegros e idealistas é em vão, pois muitas vezes os outros que não seguem uma moral coerente e séria conseguem avançar e obter sucesso aparente de forma tão mais rápida. O Salmo 73 me mantém realista, consciente que os atalhos da vida só poderão trazer prejuízo, principalmente perante Deus, mas também ainda aqui nesta terra.
Que Deus me dê perseverança para permanecer firme e puro nos Seus caminhos e aguardar a Sua ação para justificar e valorizar os Seus.




21 de jul. de 2009

foco consciente

"Se Deus é por nós, quem será contra nós?" Romanos 8:31
Depois da magnífica sequência dos capítulos 6 e 7 de Romanos Paulo chega às esplêndidas afirmações de vitória no capítulo 8, vitória sobre o pecado através do Poder de Deus. Ele consola o cristão que luta consigo mesmo afirmando que apesar das dificuldades a vitória é certa. Mesmo havendo sofrimento a luta vale a pena, pois a Vida Eterna é uma realidade. Verdadeiras pérolas de consolo e fortalecimento se encontram neste capítulo e encorajo todos os que estão abatidas e enfraquecidos pelas lutas e tarefas do dia-a-dia a ler este capítulo. É impossível não se sentir amparado ao ler as palavras poderosas de Paulo!
Sei que muitos podem considerar a Vida Eterna como um mito ou uma ilusão para tornar o desalentador cotidiano humano suportável. Alguns chegam a clamar junto com Marx que o foco no além é o "Ópio do Povo". Consideram a Vida Eterna boa demais para ser verdade. O ser humano não está acostumado com aquilo que é bom, não entende que ele foi criado para a perfeição e existência contínua e aceita a realidade atual como sendo permanente em vez de encará-la como um lapso temporário. Só quem experimenta aquilo que Paulo declara nos capítulos 6-8 de Romanos sabe da realidade futura, da restauração do plano que Deus havia criado desde o início e que só foi momentâneamente interrompido através do mau uso do livre-arbítrio dado por Ele.
Acredito também que muito do ceticismo é fruto de uma péssima história de atitudes do próprio Cristianismo. Com uma ênfase desequilibrada no Além a Igreja Cristã (principalmente a Católica, mas muitas outras erraram da mesma forma quando tiveram oportunidades semelhantes) usou este enfoque para manipular os seus fiéis, mantê-los oprimidos e em constante temor. Passado esta fase o enfoque desequilibrado trouxe um grande desleixo da atitude da Igreja para com assuntos sociais, assistenciais, políticos e ambientais, dando aos não cristãos a sensação de que o cristãos não estavam interessados em melhorar o mundo no qual viviam, pois o fim logo em breve viria e que não valeria a pena investir as energias em nada mais do que a pregação e conversão. Aos poucos, no entanto, o pêndulo foi para o outro lado e nota-se hoje uma forte tendência de não falar muito da grande recompensa do Cristão e sim superenfatizar o aspecto existencial e diário da Caminhada com Cristo. Isso é muito bom e é um resgate extremamente necessário para a sanidade espiritual, pois somente com esta visão que temos a paz de Cristo no coração. No entanto, se não estivermos focados no fato de que a vitória completa virá somente ao recebermos a Vida Eterna seremos incapazes de permanecer em Cristo até lá. De repente vale a pena abordar este assunto de forma mais profunda em outro post, mas fica aqui o recado: Sem Cristo no dia-a-dia eu não tenho Salvação; sem almejar a plenitude e a perfeição da Vida Eterna eu não terei sucesso em perserverar e permanecer Nele até o Seu advento. Qualquer desequilíbrio entre estas duas visões trará graves consequências para a minha vida espiritual e, portanto, para tudo em minha vida.
E é por isso que Paulo chega no fim do seu discurso formando o ápice através de perguntas retóricas. Ele pergunta e a resposta implícita sempre é "Ninguém!". E a primeira destas perguntas é "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" Aproveitem para ler estes últimos versos do capítulo 8 de Romanos e sentir o crescendo até a afirmação épica dos versos 38 e 39 (Romanos 8:31-39)
Que hoje eu tenha a plena certeza de que não há nada e ninguém (a não ser eu mesmo) que possa me afastar do Amor Dele.
forte abraço a todos
shalom

18 de jul. de 2009

movimento X progresso


Posto aqui um artigo que considero leitura obrigatória para aqueles que levam a fé e o adventismo a sério. Este artigo foi um marco em minha vida como cristão e pastor, expressando muitas coisas que já pensava de forma eloquente e acrescentando linhas de pensamento até então não exploradas. Foi escrito pelo aposentado professor universitário de História da Igreja na Andrews University, o Dr. George R. Knight, homem cujas opiniões eu tenha em altíssima estima, apesar de nem sempre concordar com as mesmas. Neste artigo, no entanto, eu assino em baixo.
Foi publicado na revista Ministry e em 2006 na revista Ministério.
Espero que leve à reflexão.
forte abraço
shalom

Líderes que não sabem para onde vão estão perdidos, confundindo movimento com progresso.

George R. Knight
Professor de História da Igreja na Universidade Andrews, Estados Unidos.

O mundo é cheio de leis físicas e sociais. Durante algum tempo colecionei algumas delas. Há, por exemplo, a lei de Schmidt: “Se você mistura bastante alguma coisa, ela se dissolverá.” A lei de Weiler: “Nenhuma coisa é impossível para o homem que não tem de fazê-la por si mesmo.” Ou a de Jones: “A pessoa que pode sorrir quando erra em alguma coisa, pensou em alguém a quem culpar por seu erro.” Bastante conhecida é também a lei de Murphy: “Se uma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.”
Diante disso, resolvi tentar desenvolver algum pensamento crítico e sagacidade particular. O resultado foi a “lei de Knight”, com dois corolários para líderes. Em termos simples, essa lei diz o seguinte: “É impossível chegar ao seu destino, a menos que você saiba para onde está indo.” Primeiro corolário: Os líderes que não sabem para onde vão estão perdidos. Segundo: Líderes que estão perdidos, freqüentemente confundem movimento com progresso.
Comecemos a discussão com o segundo corolário. Para quem está integrado ao sistema adventista por muitos anos, é muito fácil confundir movimento com progresso, e é mais fácil ainda confundir estatísticas com êxito. Devo admitir que as estatísticas são impressivas e até inspiradoras. De aproximadamente um milhão de membros quando fui batizado, em 1961, a Igreja possui hoje cerca de 15 milhões. Há também uma vasta rede educacional, instituições de saúde, casas publicadoras, emissoras de rádio e televisão, além da penetração do evangelho em mais de 200 países do mundo.

Ainda na terra

Sim, as estatísticas são impressivas, mas precisamos lembrar que elas não são um fim em si mesmas. Talvez seu verdadeiro significado resida não tanto no que a Igreja tem feito, mas no que elas nos dizem que ainda precisamos fazer. Ademais, quando comparados com os mais de seis bilhões de habitantes do mundo, os quase 15 milhões de adventistas não parecem ser muitos. Se são 15, 30 ou 100 milhões, esses números podem significar falha, não sucesso. O problema que é a base para todos os outros problemas e desafios do adventismo é que a Igreja ainda está na Terra e não no Céu. Nunca deveríamos confundir o entusiasmo pelo crescimento de uma Igreja na Terra com o alvo real de chegar ao reino celestial.
Assim, embora as estatísticas tenham seu propósito e seu lugar, elas não mostram o que a Igreja deve ser. Representam meios para um fim, mas não devem ser consideradas o fim em si mesmas. Novamente, é bom lembrar que o movimento não é, necessariamente, progresso. Em nossas atividades diárias, necessitamos ter em mente esse pensamento. Um dos pecados mortais da administração é igualar a genuíno progresso o preenchimento de relatórios, elaboração de projetos, planejamento de campanhas e levantamento de fundos. A má notícia é que podemos estar gerando apenas movimento.
Como um garoto cavalgando seu cavalinho de balanço, podemos estar muito ativos, fazendo muito movimento, mas sem avançar para o nosso alvo principal. Não devemos perder a visão e os alvos que nos fazem adventistas do sétimo dia. Agindo assim, ficaremos perdidos, embora altissonante e entusiasticamente proclamemos que temos a verdadeira resposta para as indagações humanas. Aqueles que têm caído na armadilha desse segundo corolário representam um exemplo clássico do cego guiando outro cego.

Líderes perdidos

Isso nos leva ao primeiro corolário: “Líderes que não sabem para onde vão estão perdidos”; o que não significa perdição espiritual. É um caso de perdição ocupacional, de visão e missão.
Uma das maiores necessidades adventistas em todas as partes é uma revisão do futuro. Embora possamos estar satisfeitos com a maneira pela qual as coisas foram feitas no passado, necessitamos despertar para o fato de que modos familiares e tradicionais de fazer as coisas não são os únicos métodos de fazê-las, e, provavelmente, não sejam as melhores formas. Necessitamos rever caminhos mais efetivos de usar a mídia, vender literatura, administrar instituições educacionais e estruturar a Igreja para sua missão. E “mais efetivos” não significa algo como sobreviver, ou sobreviver com mais estilo e fundos. Isso pode ser satisfatório para empresas seculares, mas é inadequado para o planejamento adventista do sétimo dia.
Necessitamos focalizar sobre o fato de que nosso alvo não é administrar uma boa empresa na Terra, mas avançar a missão de tal modo que apresse o estabelecimento do reino de Deus. Líderes adventistas devem sair da mentalidade de empresários de êxito para a de revolucionários radicais com a missão de mudar a ordem mundial.
Se nossa visão de sucesso se restringe à perspectiva das avaliações terrestres comuns, permaneceremos neste planeta ainda por muito tempo. A Igreja pode estar no mundo, mas sua visão não deve ser a deste mundo. A única forma de sair do reino da perdição ocupacional é trocar a medida prevalecente de sucesso pela visão verdadeiramente radical de Cristo que pode transformar todos os símbolos mundanos de sucesso em um monte de lixo.
Na sugerida revisão do futuro, necessitamos parar de pensar matematicamente e começar a pensar geometricamente. Muitos de nós superestimamos os gráficos do crescimento da Igreja, como se eles nos levassem para cima. Se pensarmos e planejarmos conforme essas linhas, apenas ficaremos na Terra por muito tempo; talvez, pela eternidade. Se estou lendo corretamente a Bíblia, a Igreja, em algum ponto no tempo, experimentará um crescimento de tal magnitude que as estruturas terrestres serão incapazes de detê-la. É esse tipo de crescimento exponencial parte de nossa visão de futuro?
Além disso, é interessante registrar que mudanças radicais, massivas, não precisam levar muito tempo para acontecer. Em outubro de 1989, fui à então Alemanha Oriental a convite do governo daquele país. Quando a viagem foi planejada, nunca imaginamos que eu poderia viajar em meio da revolução que em poucas semanas derrubaria o sistema soviético. Toda estrutura caiu em uma noite; algo inimaginável para a maioria das pessoas. Como cristãos adventistas, esperamos ver uma mudança social e política tão grande que a queda do bloco soviético será insignificante em comparação a ela.
Porém, uma mudança tão fantástica não aconteceu por si mesma. Houve a atuação de pessoas que imaginaram um mundo diferente e correram riscos para fazê-lo acontecer. Os líderes adventistas necessitam pensar grande, se é que desejam ter parte nos grandes eventos de Deus, em lugar de correrem apenas na rotina do dia-a-dia. É desnecessário dizer, mas tais líderes espirituais devem estar dispostos a correr riscos e a sacrificar-se para concretizar a visão maior. Formas costumeiras de trabalhar e liderar já não mais funcionam. A Igreja necessita de líderes que possam imaginar algo melhor do que as realizações do passado e as do presente.

De olho no alvo

Esse pensamento nos leva de volta à própria lei de Knight: “É impossível chegar ao seu destino, a menos que você saiba para onde está indo.” Eu não iria ao extremo de dizer que alguns líderes adventistas estão confusos quanto ao propósito, mas alguns parecem um tanto atrapalhados quanto à forma de operar. Tenho experimentado a companhia de líderes e pastores distritais, em seminários e cursos de extensão realizados ao redor do mundo. Alguns deles têm relatado certos fatos que comprometem a qualidade da liderança cristã.
Já ouvi dizer, por exemplo, de pastores que não podem freqüentar cursos ou sair de férias, a menos que alcancem os alvos batismais. Foi então que alguns foram flagrados inventando fichas batismais com nomes copiados de sepulturas. Ouvindo tais histórias, me perguntei: Será que alguns de nós não estamos um pouco mais que confundidos no que tange a alcançar os alvos genuínos da Igreja? Sabemos realmente, como líderes, para onde estamos indo? Ou estamos simplesmente “brincando de igreja”?
Quero ser muito claro e explícito neste ponto. A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem apenas um alvo final e genuíno: a vinda de Cristo nas nuvens do céu. Esse alvo está além das conquistas humanas. Mas, em preparação para o segundo advento de Jesus, Deus nos deu uma mensagem para ser proclamada ao mundo todo. “Vi outro anjo voando pelo meio do céu”, lemos no Apocalipse, “tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a Terra, e a cada nação, e tribo, e língua e povo, dizendo em grande voz: Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai Aquele que fez o céu, a Terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apoc. 14:6 e 7).
Essa mensagem do primeiro anjo é seguida por uma segunda que trata da queda de Babilônia (v. 8) e uma terceira elogiando os que pacientemente esperam a vinda do Senhor e que, enquanto esperam, guardam os mandamentos de Deus e mantêm a fé de Jesus” (v. 12). Imediatamente após a proclamação dessas mensagens, ocorrerá a segunda vinda, retratada nos versos 14-20.
Um razão pela qual me tornei adventista foi nossa compreensão dos ensinos de Apocalipse 14. O adventismo nunca se viu como mais uma denominação, mas como a reunião de um povo profético com uma mensagem especial a ser pregada para todo o mundo antes da segunda vinda de Cristo. É essa convicção que tem literalmente dirigido a Igreja Adventista aos mais longínquos rincões da Terra. Essa visão, com seu imperativo à missão mundial, tem levado gerações de jovens a dar a vida em favor da missão e tem levado membros mais velhos a sacrifícios financeiros para apoiá-los.
É a visão de uma missão escatológica para todo o mundo que tem feito do adventismo um movimento vibrante. Quando a denominação e seus líderes perdem essa visão e começam a vê-la como apenas mais uma igreja, o adventismo perde sua razão de ser. De fato, ele ainda poderia ser diferente por causa da guarda do sábado e algumas outras peculiaridades. Mas, para todos os propósitos, teria perdido sua razão bíblica para existência, independentemente de quantos milhões de conversos possam ser conquistados.
A liderança adventista deve conservar na vanguarda de seu pensamento coletivo o seu destino e a tarefa que Deus lhe confiou, segundo Apocalipse 14. O segundo advento é o alvo final, e a missão mundial é o alvo imediato que Deus lhe deu. Qualquer coisa que não contribua efetivamente para o cumprimento da missão final é descartável. Como Igreja, temos sido ótimos em adicionar coisas ao sistema denominacional, mas temos falhado no trabalho de podar aqueles aspectos do sistema que são menos que maximamente efetivos. Os alvos último e imediato devem ser a medida de tudo o que fazemos.
É agradável dizer que a missão mundial é o alvo imediato do adventismo, porém, mesmo essa missão deve ser, por sua própria natureza, uma missão sobre alguma coisa e alguém em particular. “A todo o mundo” é a visão missionária exata do adventismo. E o conteúdo de sua mensagem está especificamente apresentada em Apocalipse 14, especialmente o verso 12. Nesse verso, encontramos os três aspectos essenciais da missão adventista:
1. O segundo advento.
2. A importância dos mandamentos de Deus no tempo do fim, os quais serão uma questão decisiva no fim do tempo (ver Apoc. 12:17). É indispensável notarmos a alusão ao sábado no final de Apocalipse 14:7. O contexto é claro ao nos informar que, no fim do tempo, todo indivíduo será um adorador: ao Criador dos céus e da Terra (v. 7) ou à besta e sua imagem (v. 9). No verso 7, ainda nos é dito qual mandamento será mais decisivo nos eventos que produzem o desfecho glorioso da História.
3. A suprema importância de ter a fé em Jesus.

Mensagem equilibrada

Nesta altura, o ponto que necessita ser enfatizado não é apenas que Deus nos deu uma mensagem específica, mas que essa mensagem é caracterizada por seu equilíbrio. Com isso em mente, é importante notar que a proclamação fiel de uma mensagem equilibrada requer líderes equilibrados. O inimigo faz tudo para desestabilizar a liderança da Igreja, levando alguns pregadores a pintarem doutrinas com tons legalistas, negligenciando as grandes verdades do evangelho. Ou, faz com que outros enfatizem assuntos evangélicos com tal extremismo que negligenciam doutrinas como o santuário celestial, o sábado, e outras distintivamente adventistas. Há também líderes que, movidos pelo inimigo, provocam facções que vivem se confrontando.
Se a estratégia de Satanás é desequilibrar, a de Deus é equilibrar. O Senhor busca uma liderança que mantenha claramente o segundo advento como alvo genuíno da Igreja, bem como sua missão de pregar a mensagem dos três anjos ao mundo todo. Tal liderança deve ter em mente que a mensagem deve ser pregada com equilíbrio, enfatizando as grandes verdades evangélicas e aquelas que tornam distinto o adventismo, no contexto do cenário bíblico do tempo do fim.
Isso nos leva ao fechamento do círculo no coração da lei de Knight: “É impossível chegar ao seu destino, a menos que você saiba para onde está indo.” Deus nos revelou o alvo e a mensagem da Igreja, em Apocalipse 14. Pode até parecer arrogante para uma Igreja pequena dizer-se possuidora da mensagem de Deus para o mundo nos últimos dias. Contudo, nenhum outro corpo religioso foi incumbido dessa missão profética. E também pode ser que um pouco de “arrogância santificada” deva ser parte e parcela daquela liderança exercida pelos líderes que se dizem seguidores dAquele que Se declarou a Luz, o Caminho e a Verdade, e que os envia a levar Seu evangelho aos confins da Terra.
Com o passar do tempo, muita coisa muda no mundo e na Igreja. Porém, uma não mudou: a liderança deve compreender e estar comprometida com seu destino, se é que espera alcançá-lo.

3 de jul. de 2009

Michael Jackson, você e eu


Michael Jackson: o contraste. Indiscutível como artista, controvertido como pessoa.
Não confio na imprensa marrom! Não confio nos ditos 'elogios' nem nos 'fatos' sombrios. Ela é, por definição, mercenária e precisa se manter a cada dia a custa da vida dos outros. É óbvio que há um estranho conluio entre a mídia e os artistas (uso o termo de forma muito abrangente neste caso), mas a necessidade de sobrevivência faz com que mentiras e meia verdades sejam estampadas como fatos e eu, como ser humano comum, na maioria das vezes não tenho condições de averiguar o seu teor.
Confio, no entanto, em citações fidedignas. Tenho, todavia, ressalvas. Citações, mesmo contextualizadas, não demonstram uma pessoa por completo; elas demonstram um momento. Quem tem condições de dizer se o que foi dito naquele momento continuou sendo verdadeiro no próximo ou até mais distante futuro? Ai daquele que julga os outros por poucas citações! Mesmo assim temos das mesmas, pelo menos nos momentos das declarações, um retrato realista, independente do teor da citação ser verdadeiro ou não.
Hoje li uma citação de Michael Jackson. Fez parte de uma conversa gravada entre ele e um Rabbi, Shmuley Boteach, este que em geral me passa a impressão de que se ama bastante e gosta do som da sua própria voz (e teclas). Não obstante a minha impressão de Shmuley a citação é verdadeira e gostaria de reproduzí-la:

"I am going to say something I have never said before and this is the truth. I have no reason to lie to you and God knows I am telling the truth. I think all my success and fame, and I have wanted it, I have wanted it because I wanted to be loved. That's all. That's the real truth. I wanted people to love me, truly love me, because I never really felt loved. I said I know I have an ability. Maybe if I sharpened my craft, maybe people will love me more. I just wanted to be loved, because I think it is very important to be loved and to tell people that you love them and to look in their eyes and say it."

"Eu irei contar algo que eu nunca disse antes e esta é a verdade. Eu não tenho por que mentir para você e Deus sabe que estou dizendo a verdade. Eu penso que todo o meu sucesso e a minha fama, e eu os tenho desejado, eu os tenho desejado porque eu queria ser amado. É isso. Essa é a verdade verdadeira. Eu queria que as pessoas me amassem, verdadeiramente me amassem, porque eu nunca realmente me senti amado. Eu disse: eu sei que tenho uma habilidade. Talvez se eu aprimorar a minha arte, talvez as pessoas iriam me amar mais. Eu somente queria ser amado, porque eu acredito que seja muito importante ser amado e dizer às pessoas que você as ama e olhar nos seus olhos e dizê-lo"

Confundir atenção com amor não é exclusividade do Michael. Tornar o desejo de ser amado a motivação do aperfeiçoamento das suas capacidades não é tão incomum assim. Isso acontece todos os dias com muitos de nós. Atenção pode ser uma forma de demonstrar amor, mas não é só o amor que exige atenção. O ódio e as suas manifestações comumente demandam intensa atenção e profunda dedicação também. Por causa da natureza humana atenção não qualificada raramente tem a sua origem no amor, pois amor, verdadeiro amor, precisa de contato e convivência... e convenhamos: vivemos em um mundo tão superficial onde aquilo que é considerado importante hoje, amanhã possivel ou até provavelmente já tenha perdido o seu "valor".
A citação acima demonstra que mesmo que eu faça de tudo para ser amado isso não garantirá reciprocidade. Verdadeira segurança de reciprocidade só com Deus. Isso não é um clichê e muitos só descobrem isso depois de amarga decepção.
Habilidade desenvolvida, aperfeiçoada e compartilhada sem conscientemente retribuir à Quem a outorgou pode até proporcionar alegria, admiração e respeito naqueles que tem condições de apreciar, mas não irá trazer felicidade àquele que entreteve os outros. É só olhar para o mundo da música, das artes visuais, dos esportes, etc. e você irá encontrar uma profusão de exemplos que evidenciam a minha afirmação.
O único caminho da felicidade e realização para o ser humano é descobrir as habilidades que recebeu, desenvolvê-las e usá-las conscientemente para louvar e engrandecer o Nome de Deus. Não há outra opção. Fomos criados assim. Você pode até achar restritivo e autoritário (e nesse caso você terá que reclamar com Deus), mas não há como fugir: a real felicidade e realização do ser humano, na verdade de toda criatura, advém do ato da Adoração.
Michael alcançou altíssimo nível artístico com as habilidades que recebeu (que não foram poucas) e a sua obsessão por ser amado o tornou um perfecionista impulsionando-o a procurar, em vão, o amor que tanto buscou.
Há um texto bíblico que me vêm à mente. Jermias 31:3 diz o seguinte: "Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí." Quem fala é o Criador da Arte, o Doador das habilidades e dons que nos busca com o Seu amor querendo ser amado. Com este Deus você e eu só temos a ganhar ao corresponder a Seu Amor.
O céu não será um lugar de surpresas, pois só há surpresas para aqueles que julgam (e se enganam). O céu será um lugar para pessoas que não julgam. Que não hajam surpresas para mim e nem para você.
tenham um ótimo Sábado e final de semana
shalom

PS: Aqui o link para o artigo do Rabbi Shmuley Boteach no "The Jerusalem Post". Faço questão de deixar claro que não endosso as suas visões e opiniões.

30 de jun. de 2009

gotas de leitura

Hoje de manhã lendo a meditação diária do Spurgeon eu encontrei uma estrofe de um poema inspirado. Pesquisei um pouco e descobri que é de autoria de Robert Murray M'Cheyne, um ministro escocês. Ele morreu de tifo aos 29 anos de idade, mas mesmo assim influenciou para sempre o protestantismo através de suas pregações, ministério, cartas e poemas.
Curiosamente aos 26 anos M'Cheyne visitou a Terra Santa e ao voltar da mesma consequentemente montou um ministério para alcançar os Judeus em sua paróquia.
Em sequência irei reproduzir o poema. A estrofe que Spurgeon citou é a terceira.
I Am Debtor

When this passing world is done,
When has sunk yon glaring sun,
When we stand with Christ in glory,
Looking o'er life's finished story, 
Then, Lord, shall I fully know 
- Not till then - how much I owe.

When I hear the wicked call
On the rocks and hills to fall, 
When I see them start and shrink 
On the fiery deluge brink, 
- Then, Lord, shall I fully know - 
Not till then - how much I owe.  

When I stand before the throne, 
Dressed in beauty not my own, 
When I see thee as thou art, 
Love thee with unsinning heart, 
Then, Lord, shall I fully know 
- Not till then - how much I owe.  

When the praise of heav'n I hear, 
Loud as thunder to the ear, 
Loud as many water's noise, 
Sweet as harp's melodious voice, 
Then, Lord, shall I fully know 
- Not till then - how much I owe.  

Even on earth, as through a glass 
Darkly, let Thy glory pass, 
Make forgiveness feel so sweet, 
Make Thy Spirit's help so meet, 
Even on earth, Lord, make me know 
Something of how much I owe.  

Chosen not for good in me, 
Wakened up from wrath to flee, 
Hidden in the Saviour's side, 
By the Spirit sanctified, 
Teach me, Lord, on earth to show, 
By my love, how much I owe.  

Oft I walk beneath the cloud, 
Dark, as midnight's gloomy shroud; 
But, when fear is at the height, 
Jesus comes, and all is light; 
Blessed Jesus! bid me show 
Doubting saints how much I owe.  

When in flowery paths I tread, 
Oft by sin I'm captive led; 
Oft I fall - but still arise 
- The Spirit comes - the tempter flies; 
Blessed Spirit! bid me show 
Weary sinners all I owe.  

Oft the nights of sorrow reign 
- Weeping, sickness, sighing, pain; 
But a night Thine anger burns 
- Morning comes and joy returns; 
God of comforts! bid me show 
To Thy poor, how much I owe.  

May 1837.