17 de dez. de 2013

confiança, soberania & atitude

Muitas vezes temos a tentação de justificar a diminuição do nosso padrão de conduta apontando para as decadentes circunstâncias morais no mundo ao nosso redor. "Afinal, temos que sobreviver de alguma forma, temos que ser pragmáticos e flexíveis", prega a retórica do nosso tempo.
Ser flexível é uma qualidade valiosíssima quando se trata da aplicação de princípios, mas não quando se trata dos princípios em si.
Davi enfrentou semelhante situação em várias ocasiões e uma destas resultou no Salmo 11. Neste Salmo ele relata que foi aconselhado a fugir diante das dificuldades perante um perigo muito real e iminente. No verso 3 ele reproduz o fechamento do conselho que ele está recebendo: "Quando os fundamentos estão sendo destruídos, que pode fazer o justo?" Na cabeça dos seus falsos conselheiros tudo que ele pode fazer é fugir "como um pássaro para os montes" (v. 1).
Quantas vezes, perante situações aparentemente sem saída, somos tentados a fugir da situação, a não confrontá-la? E, em várias ocasiões, esta é até a melhor solução. O próprio Davi durante muito tempo havia fugido do perigo. Ele viveu desta forma sob Saul e, mais tarde, teve que fazê-lo de novo ao fugir do seu próprio filho, Absalão. No entanto, nesta ocasião, neste Salmo, ele decide ficar. Ele apela para a soberania de Deus. Os próximos versos 4-6 do Salmo 11 mostram Davi olhando para cima, para Deus, declarando a sua confiança neste Deus que é Senhor absoluto de todas as circunstâncias, descrevendo-O como estando no Seu trono, com "olhos atentos" e pondo à prova justos e ímpios.
Como que Davi sabia quando correr e quando ficar? O que mostrava que era hora de tomar uma atitude, que correr desonraria o Seu Deus? Ouço muito falar sobre 'saber escolher as próprias batalhas'. É uma frase cuja prática é associada a maturidade e sabedoria. Todavia, acredito que este conceito está fundamentalmente equivocado. Davi tinha sucesso quando, em vez dele tomar as decisões, as entregava nas mãos de Deus. Não eram as circunstâncias que o dominavam, mas sim a vontade e o plano de Deus para a vida Dele. Isso soa simples, mas não é nada fácil.
Ele termina o Salmo dizendo: "Pois o Senhor é justo, e ama a justiça; os retos verão a Sua face" (v. 7).
Senhor me ajude hoje a entregar as minhas decisões um pouco mais em Suas mãos.

16 de dez. de 2013

Amor & Justiça

O Salmo 10 pode ser visto como uma descrição da nossa época. Os versos 3-4 iniciam uma descrição tão atual que parecem ter sidos escritos ontem: "Pois o ímpio gloria-se do desejo do seu coração, o que é dado à rapina despreza e maldiz o Senhor. Por causa do seu orgulho, o ímpio não O busca; todos os seus pensamentos são: não há Deus."
É politicamente correto assumir que cada um pode pensar o que quer e que as consequências são somente um estado mental individual. Existem até Cristãos que estão embarcando nesta onda, dizendo que céu e inferno são realidades da alma, são a presença ou ausência de Deus na vida. Apesar de existir um solo fértil para estas ideias em nossa época, a Bíblia é clara em dizer que haverá Justiça eterna, absoluta e perfeita. Será Justiça com "J" maiúsculo. Esta justiça será alcançada mediante juízo, juízo que salva e também condena.
O intuito da Bíblia declarar isso não é para fazer com que pessoas busquem a Deus por interesse. Tampouco é de causar terror. O intuito é informar o que é real para poder ajudar e orientar. Ela não é politicamente correta, mas nem por isso deixa de ser verdade. Pense em um pai que orienta o seu filho a respeito da realidade de pular de uma grande altura e explicando as possíveis e prováveis consequências. Ou em um juíz informando um grupo de pessoas quais as consequências de quebrar as leis do trânsito. Há consequências intrínsicas, pelo risco no qual a pessoa coloca outras pessoas e a si mesma, como há consequências que serão executadas, mesmo que não ocorra acidente.
Até temos certa liberdade de escolher o rumo da nossa vida, mas, segundo a Palavra, não temos a liberdade de escolher as consequências das nossas escolhas. Um dia, no entanto, haverá Justiça Eterna.
O Salmo 10 termina com o clamor do salmista por Justiça. É a resposta natural daquele que percebe a inversão de valores e a exaltação do mal como sendo a norma no seu cotidiano. Não há quem não creia verdadeiramente em Deus que não anseie por verdadeira Justiça. Sem esta compreensão tudo que nos resta é a desesperança, que nos tornará cínicos. E não há nada, nada mais trágico do que um cínico, tanto para si mesmo, como para aqueles que o cercam, como para a sociedade como todo.
Por isso, apesar de retratar a realidade de forma tão impopular, a Bíblia ainda é o livro que nos transmite a certeza de que há verdadeira esperança. Não é uma esperança politicamente correta, mas é real.
Justiça sem amor é cruel.
Amor sem justiça não perdura.
Só há Um que consegue unir os dois.