14 de fev. de 2009

sal & luz



Prometi a mim mesmo que este post seria mais curto. Espero conseguir cumprir este propósito.
Tenho parado um pouco para pensar a respeito de Mt 5:13-16
Jesus, no seu mais completo, eloquente e radical discurso, antes de demonstrar um vez por todas que ele veio cumprir (e até expandir, tornar abstrato) e não revogar a Lei, fala de dois assuntos: a) as alegrias daqueles que andam com Ele e nEle e b) a função que os que O seguem têm neste mundo. Apesar de não querer tratar disso agora quero deixar o seguinte comentário como food for thought: absolutamente nada nas palavras de Cristo é por acaso, muito menos esta sequência como foi reproduzida por Mateus, o evangelista do Reino; me parece que esta ordem deveria ser respeitada e vivida no evangelismo (ato de divulgar as Boas Novas; independe da forma) antes de tocar em assuntos importantes, mas não prioritários, como Lei e Pecado.
Minha reflexão é em cima da função, a função do Sal e da Luz.
Quando penso em sal várias funções vêm à minha mente. Ele serve para preservar alimentos, para limpar feridas e até para auxiliar na remoção de neve e gelo (e provavelmente muitas outras coisas mais que me são desconhecidas ou das quais não me recordo no momento). No entanto, geralmente a primeira associação com o sal é de salgar, dar sabor. É à esta qualidade que Jesus se refere no verso 13: "Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, laçado fora, ser pisado pelos homens."
Acho fantástica esta metáfora de Jesus. No dia-a-dia uma boa comida geralmente não é atribuída à presença do sal. O sal só se percebe quando há excesso ou falta de sua presença. Quando na medida certa e bem misturado ele passa desapercebido.
Aquele que segue a Cristo deve ter a função do sal. Dar sabor sem chamar atenção para si mesmo, sem buscar notoriedade pelo resultado agradável que está sendo saboreado. Só aos poucos aqueles que convivem com um cristão perceberão que é a presença dele que torna a conversa, a convivência e as atividades mais agradáveis, mais saborosas. 
Ser sal é viver a vida cristã sem palavras.
Ser sal, no entanto, é só metade daquilo que Jesus quer que os Seus seguidores sejam.
A característica principal da luz é que ela ilumina. Onde ela está não existe escuridão. A escuridão pode cercá-la, mas ela não se mistura. Luz revela o que está na escuridão. Luz não tem meio-termo, independente de ser um simples raio ou um feixe.
Há ocasiões onde o cristão é luz. Onde ele tem que tomar uma atitude que iluminará, que tornará as coisas claras. Não haverá meio-termo, não haverá discrição. Pessoas enxergarão o que estava escondido na escuridão e consequentemente uma das seguintes atitudes serão tomadas:
1) ao enxergar se sentirão humilhados e tentarão apagar a luz para que voltem ao conforto da escuridão
2) ao enxergar o que estava camuflado sentirão vergonha e buscarão auxílio, sendo encaminhados à Fonte de Luz
Luz e sal são diferentes. 
Sal age internamente. Luz age no exterior.
Sal é discreto. Luz não deixa espaço para dúvidas.
Não adianta ser luz sem ter sido sal antes.
Não é possível ser sal sem algum dia ter que ser luz também.
Não adianta falar sem viver.
Não é possível viver sem falar.
forte abraço
Shalom

8 comentários:

Unknown disse...

sal tem que estar misturado ao alimento que se pretende temperar... e temperar tem a ver com temperância = moderação, ou seja: sal de mais estraga o alimento, fica intragável... e sal de menos, o alimento fica sem sabor...
agora, escuridão é ausência de luz... por isso Jesus usou a metáfora de que não se pode esconder a luz debaixo da mesa... a luz existe pra iluminar... simples assim! o sol nunca se apaga, ele sempre está iluminando em algum lugar...
o simbolismo usado por Jesus é de uma profundidade e subjetividade poéticas encantadoras!
shalom!!!
Francisco Gonçalves

Ingrid Oliveira disse...

Profundo.

Unknown disse...

"temperância" foi mal, né?... rsrsrs... eita, meus dedinhos estão ficando cansados...rsrsrs.. é TEMPERANÇA, pessoal, beg your pardon...

Unknown disse...

curti o que li rv Andre.

joêzer disse...

eu já tinho lido antes. voltei pra mostrar seu texto a um amigo e acabei percebendo que o final inspira uma boa melodia, amigo.

André R. S. Gonçalves disse...

se vc estiver se referindo às duas última linhas concordo contigo... o resto precisaria de uma séria arrumação e serviria somente como base filosófica para uma letra...
quem sabe Deus me dá algum estalo e tira a minha preguiça de compor... ;)
forte abraço

Evelyn Costa disse...

Muito abençoador o seu post!! Confesso que esta é uma passagem que me fala muito ao coração. E a cada leitura me vem novas mensagens de Deus a mim, no seu post cheguei a conclusão que ser sal é uma questão comportamental e ser luz trata-se de aitudes, sendo que tudo isso ocorre ao mesmo tempo!!
Fui muito abençoada com suas palavras, abençoarei meus alunos da ebd com o seu olhar diferenciado em Mateus 5:13-14!
Deus te abençoe.
Grande Abraço.

Elayne Canarim disse...

Esclarecedor...muito legal mesmo!