O Salmo 10 pode ser visto como uma descrição da nossa época. Os versos 3-4 iniciam uma descrição tão atual que parecem ter sidos escritos ontem: "Pois o ímpio gloria-se do desejo do seu coração, o que é dado à rapina despreza e maldiz o Senhor. Por causa do seu orgulho, o ímpio não O busca; todos os seus pensamentos são: não há Deus."
É politicamente correto assumir que cada um pode pensar o que quer e que as consequências são somente um estado mental individual. Existem até Cristãos que estão embarcando nesta onda, dizendo que céu e inferno são realidades da alma, são a presença ou ausência de Deus na vida. Apesar de existir um solo fértil para estas ideias em nossa época, a Bíblia é clara em dizer que haverá Justiça eterna, absoluta e perfeita. Será Justiça com "J" maiúsculo. Esta justiça será alcançada mediante juízo, juízo que salva e também condena.
O intuito da Bíblia declarar isso não é para fazer com que pessoas busquem a Deus por interesse. Tampouco é de causar terror. O intuito é informar o que é real para poder ajudar e orientar. Ela não é politicamente correta, mas nem por isso deixa de ser verdade. Pense em um pai que orienta o seu filho a respeito da realidade de pular de uma grande altura e explicando as possíveis e prováveis consequências. Ou em um juíz informando um grupo de pessoas quais as consequências de quebrar as leis do trânsito. Há consequências intrínsicas, pelo risco no qual a pessoa coloca outras pessoas e a si mesma, como há consequências que serão executadas, mesmo que não ocorra acidente.
Até temos certa liberdade de escolher o rumo da nossa vida, mas, segundo a Palavra, não temos a liberdade de escolher as consequências das nossas escolhas. Um dia, no entanto, haverá Justiça Eterna.
O Salmo 10 termina com o clamor do salmista por Justiça. É a resposta natural daquele que percebe a inversão de valores e a exaltação do mal como sendo a norma no seu cotidiano. Não há quem não creia verdadeiramente em Deus que não anseie por verdadeira Justiça. Sem esta compreensão tudo que nos resta é a desesperança, que nos tornará cínicos. E não há nada, nada mais trágico do que um cínico, tanto para si mesmo, como para aqueles que o cercam, como para a sociedade como todo.
Por isso, apesar de retratar a realidade de forma tão impopular, a Bíblia ainda é o livro que nos transmite a certeza de que há verdadeira esperança. Não é uma esperança politicamente correta, mas é real.
Justiça sem amor é cruel.
Amor sem justiça não perdura.
Só há Um que consegue unir os dois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário